Arquivo da categoria: Uncategorized

A TI SE IGUALAM AS CORES DO SOL DA MANHÃ

Padrão
A TI SE IGUALAM AS CORES DO SOL DA MANHÃ

A TI SE IGUALAM AS CORES NO SOL DA MANHÃ
Queria tanto ver-te transparente, /
mesmo sob o tecido róseo que cobre tuas nádegas,/cetim brilhando nas curvas dos teus seios, / estampas de rosas no lençol sobre tua cama,/ peito febril com o calor emanado nas curvas do teu corpo. / Queria também tuas mãos, teus dedos percorrendo minhas costas / tão quentes e ao mesmo tempo pele úmida e fresca,/ mas transtornada a ponto de não seres capaz de dar um passo, / sonhando as estrelas que aparecem com a lua em tua janela./Enquanto as sombras na parede fazem-me mais atento / ao que ainda veria nesta noite. / Dentro do teu quarto sininhos dourados / tocam soprados pela ventania dos nossos movimentos de amor. /Teus orgasmos repetidos em gemidos incontroláveis…/ Eu te queria nua aconchegada nos meus braços, / sonolenta, embriagada de licores, / cheiros do amor e fumaça de incensos perfumados, / cansada de tanto amor que te darei ./ Até que o sol da manhã rompa as cortinas do teu quarto/ iluminando o que restou / nos lençóis amarfanhados depois de nossa noite de amor.

TE BEIJO COM UMA ROSA NA BOCA
Como alguém descreve o poeta sedutor
que beija uma mulher com uma rosa na boca,
quero também beijar tuas nádegas enquanto percorro o vale marrom entre elas,
com os lábios molhados com o mel
sorvido da flor entre suas pernas,
depois de ter feito minha língua tocar
o botão úmido entre as pétalas, no teu púbis,
encravadas nas linhas que desenham
o recanto divino que meus lábios percorrem,
enlouquecidos pelo tremular do teu corpo
enquanto navego pelas curvas do teu corpo
.

UMA MULHER PASSA NA RUA…
Ver uma mulher passar na rua, desenvolta,
/ diz tanto da beleza quanto o mais belo dos poemas. / A carne dura e sutil solta sob o algodão, / ou do pijama de flanela, antes do amor,
pede mãos que saibam acariciar. / Você se vira para espiar suas costas,
/ suas nádegas, sua nuca, os contornos dos seus ombros, de suas pernas… / Enquanto ela caminha, seus olhos se regalam, / e você pode até chorar, comovido, diante da beleza do corpo feminino em movimento. / As qualidades do corpo feminino lembram doces / que devem ser lambidos como se lambe o mel / até o fim do orgasmo.

NÃO TE ESQUECERÁS DE MIM?

Padrão
NÃO TE ESQUECERÁS DE MIM?

NÃO TE ESQUECERÁS DE MIM?

Porque te comparo a um dia de verão,

és mais bela sob a luz brilhante faiscando a areia.

O tempo do verão é bem pequeno,

noites quentes para o amor,

que nunca deveria obscurecer.

Sei que o que é belo num dia declina numa só noite,

na eterna mutação da natureza.

Mas em ti o verão e os dias serão eternos.

Tua beleza jamais se perderá numa noite.

Nem chegarás ao fim do verão

à noite fria e triste do inverno.

Enquanto nesta terra houver um ser vivo,

meus versos hão de te fazer viver

lembrando nossos dias quentes

e luminosos de amor.

BASTA SONHAR COM VOCÊ…

Padrão
BASTA SONHAR COM VOCÊ…


Sonhando com você, nossa vida na última curva,
Sei que posso ir ao fundo de qualquer profundidade.
Abismos podem ser atravessados na ponte dos desejos.
Por você posso inventar caminhos e pontes, qualquer mundo,
Basta sonhar com você.
Ao sabor dos sonhos, posso encher um mar inteiro,
Olhar as fontes, donde correm as águas que escorrem pelas serras.
Posso amar, abraçar e afagar seu corpo,
Dos seus beijos hálitos doces emanam.
Posso morar nas nuvens, num lugar pertinho do céu,
Basta sonhar com você.
E no aconchego da pele na pele, carne com carne,
Entender que, como mulher, você foi feita pra mim,
Do jeito que foi inventado o prazer.
Você é pra mim como um dia de sol,
Com sua luz sou capaz de construir usinas,
Usando a energia que vem de você.
A força da alegria sai das turbinas que me trazem a você.
E criam a pulsão da existência que me impulsiona dia e noite sem parar.
Dobrando as curvas da vida, mesmo quando já estiver de partida,
Verei você, e sei o meu caminho, que não foi um caminho sozinho.
Porque você me recebeu no seu caminho, anda comigo nos meus sonhos.
Abismos podem ser atravessados na ponte dos desejos.
Por você posso inventar caminhos e pontes, qualquer mundo
Basta sonhar com você.

.


VOCÊ…

Publicado em  por derval dasilio

Padrão

VOCÊ “Você é assim, olha no espelho e se reconhece como quem sempre quis ser. Não se arrepende nem se envergonha de ter optado por sua liberdade e autonomia. Para tanto, lutando sozinha por sua independência. Não aceitando as imposições do fundamentalismo religioso, sob juízo de familiares e pessoas próximas. Sustentando seu direito de viver em solidão, na qual se isolava das pressões ao redor, garantindo sua escolha por viver sob valores diferentes dos que recebera na igreja e no círculo familiar.
: Não recusou experiências religiosas, espiritualidades diferentes sem medo — ao contrário –, interessando-se também pela espiritualidade oriental. Reprovada pela família por encerrar um casamento destrutivo, que lhe consumia, assumiu o divórcio necessário, mas reprovado pela família e pela igreja. Os quais procuravam obrigar você a cumprir obrigações supostamente bíblicas, quando uma mulher deveria viver submissa à servidão matrimonial sem rebelar-se. Em nome da religião, e não de Deus e do amor.
: Por fim, fez tudo para preservar sua integridade de mulher em busca da liberdade. Libertação a alto custo emocional, alcançada com segregação e crítica dentro da própria família. Você venceu, olha no espelho e vê a mulher que buscava e encontrou a si mesma. Sobreviveu lutando até os dias de hoje. Sem arrependimentos, segura a respeito das escolhas que fez, em todos os momentos nos quais lutava contra a opressão que lhe impunham. Você é a mulher que eu amo, e com a qual quero viver o resto dos meus dias.

E OS VELHOS SONHARÃO UM MUNDO NOVO

Padrão


Tem gente que não gosta do que eu escrevo… Nenhum problema, tudo certo. Eu também não gosto dos seus escritos. Simone Beauvoir escreveu um livro sobre a velhice. Contaram-me que há uma coisa que não se perdoa nos velhos. Os jovens querem que eles possam amar como eles, um pouco aqui um pouco ali… Mas, aos velhos como eu, é reservado um jeito de amar. Amar a companheira, os filhos, os netos e netas. Amar a paciência, à espera que as crianças cresçam e escolham os seus caminhos, embora não estejamos mais por aqui, quando isso acontecer. Amar os passeios longos nos lugares cercados por colinas verdes, córregos borbulhantes descendo entre pedras no meio do bosque, o cheiro do capim gordura e das dracenas no fim da tarde, o sorriso do meu vizinho que me cumprimenta todos os dias, cordial, solidário com a minha velhice, enquanto é tempo.

Os velhos, pensam os jovens, já cumpriram a sua jornada de amor, não precisam mais ter garra, devem conformar-se com o esgotamento das noites de amor. Enganam-se, porque é exatamente no crepúsculo que as árvores que julgavam secas começam a soltar novos brotos. O amor fica mais intenso, o gozo mais demorado, embora nunca saciado. Depois do outono, meus caros!, vem a primavera. Na velhice, as floradas na serra são maravilhosas, lembrava Dinah de Queiroz. Os campos se cobrem de flores, os primeiro balbucio de primavera se ouvem depois do outono. Floradas, botões, pequenos sinais na natureza, anunciam um tempo novo, para os velhos. “No meio dos bosques escondidos entre os montes, o amarelo e o vermelho salpicavam, abriam no verde sorridente espanto”, acrescentava Dinah. Termino com Rubem Alves: “O amor tem esse poder mágico de fazer o tempo girar ao contrário”. O que envelhece não é o tempo, é a rotina dos acontecimentos nos dias de ódio e raiva canina que se dirigem aos que clamam pela defesa da vida, dos direitos à vida.

O que envelhece, é a incapacidade de se comover com o sofrimento, o luto de milhares de desprezados pelos poderes públicos. O enfado que nos toma a capacidade de protestar e lutar contra a opressão imposta, convidando à indiferença. Isso envelhece. Mas isto não é o que foi dito pelo profeta Joel, na Bíblia: “E nos últimos dias acontecerá, que o Espírito de Deus derramará a vida sobre toda a carne, todos os corpos. E os jovens terão visões, e os velhos sonharão sonhos de um mundo novo possível… E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Paráfrase: Atos dos Apóstolos, 2,16-21).

VOAR COMO UM PASSARINHO

Padrão
VOAR COMO UM PASSARINHO


Acordei nostálgico nesta manhã. Num arbusto, junto à janela da nossa casa, no quarto de minha mulher, Anny, um passarinho fez um ninho, e ali estão dois filhotinhos aquecidos pelo corpo da mãe. Vemos a mãe voar entre as flores do nosso jardim, colhendo o alimento para os recém-nascidos. Choveu na madrugada fria, sei que ela cobriu os filhotes com seu corpo, para aquecê-los. O ânimo voltou. Recordo os hinos que minha mãe cantava desde a minha mais tenra infância. Olha que já vai tempo! “Passarinhos, belas flores, querem me encantar”. São esplendores comuns, mas é dali que contemplo o meu saudoso lar. Estou um pouco cansado, perturbado com a repetição de acontecimentos nefastos que perturbam a alma de qualquer um que observe os desmandos, pregação do ódio ideológico, violência contra os mais fracos e desprotegidos, destruição das esperanças do povo. Dias de trevas, dias de aflição que parecem nunca terminar. Tenho saudade dos passarinhos, de Luiz Vieira cantando: “Sou menino passarinho, com vontade de voar”, das flores, dos esplendores da natureza verde, e dos meus verdes anos.
Contemplo o meu primeiro lar no alto das montanhas onde nasci e cresci numa casa de imigrantes italianos. Clima frio no nas montanhas capixabas. Descubro que por toda a vida tenho sido um montanhês. Qual passarinho saudoso do ninho, quero ir para os altos montes, voltar do exílio que a vida me impôs. Meu coração está com pressa. Como um passarinho, quero já voar para o meu refúgio. Caminhar ouvindo meus próprios passos soando antes de chegar o escuro véu da noite. Desprezei o relógio que sempre carregava comigo, que me alertava o tempo todo para o tempo que não deveria ser perdido com coisas mais simples. Tornei-me desobediente, as coisas simples apontam para a humildade que se deve ter diante da grandiosidade que nos cerca. Para observar o tempo, basta-me o sol que desponta depois da madrugada enevoada no lugar onde moro agora, começando a cada dia. “Tempus fugit”, sei que o tempo foge, mas nossas histórias não estão registradas num simples relógio. Porém, sei que o relógio não desiste, o tempo vai sumindo no horizonte, como a fumaça do cigarro que não fumo já há muitos anos. Então, o sol vai desaparecer logo, depois da tarde, e mergulhar nas sombras da noite. Preciso me apressar, talvez correr, para não perder de vista a beleza única do pássaro que pousa na janela do quarto de Anny, no amanhecer, depois de cuidar dos filhotes recém-nascidos. Maravilhosa companhia para começar o dia.

ANTES QUE O DIA AMANHEÇA

Padrão

tira - moon space
=

eros femeas (5)

Em nossa conversa você se disse preocupada…Preocupada com a sua sanidade? Como pode alguém que se cura preocupar-se por libertar-se de um mal de nascença? Não é possível. Não mesmo… Quando a liberdade acontece há exultação, alegria. Seu gozo, amor, vem das profundezas. Lá, onde o prazer era reprimido, escondido, preso em algemas e correntes invisíveis. Agora vc soltou seu corpo, goza… goza… goza… em orgasmos repetidos. Desencadeados. Vc disse que não conhecia esse prazer… mas era feliz. Agora chega lá enquanto quebra o tabu de não tocar onde seu corpo vibra mais…
Não tema! Livre vc deve sentir-se mais feliz. Dentro de vc mora a felicidade. E a felicidade é um orgasmo na alma… Gostou? Vc não está vivendo isso tudo eroticamente sozinha. Fazemos juntos, um precisa do outro para ser feliz. Pense, não é só o meu prazer que procuro — e encontro, e como!, vibro com seu gozo… subo às alturas –, vc me faz feliz com seu gozo. Em vc morava uma mulher, mais que reprimida. Vc foi oprimida por muito tempo… Diria Vinícius, parafraseio: “nasce uma mulher, como no deserto uma flor”. A mulher que nasceu num cenário dominado por homens, cenário patriarcal, talvez nem se dê conta das repercussões que descolam do seu interior profundo. Desgrudam de sua alma. Coisas que estavam lá, impedindo o prazer de se tocar, dominar seu corpo, e gozar o que o corpo oferece.

Vc não deve ter medo de ser livre. Vc provavelmente ouviu falar alguma vez de Rose Marie Muraro, e de Lacan, o mais citado discípulo e intérprete de Freud. Citando o pensador da psicanálise, ela diz: “Não existe uma mulher inteiramente livre, se não lhe permitem libertar-se“. Seria um erro pensar que, no fim das contas, é só homem  que possui a mulher. É o contrário. O homem é que precisa dela em primeiro lugar. Não é dominação. Mas ele nega que é possuído por ela, e, ao mesmo tempo produz os meios para subjugá-la. E, assim, controlar o seu gozo. Inutilmente, porque sua liberdade interior é mais forte… O gozo do corpo não pode ser retirado da mulher, mas o homem produz os meios culturais para impedir que ela expresse seu gozo. Começando pela religião, estendendo-se nos ambientes sociais e profissionais. Há repressão nesses ambientes. Lhe digo eu, agora: vc pode não ter tido essa percepção, antes… Porém, as mulheres que têm essa percepção guardam essas coisas como um segredo numa caixinha (não foi isso que sua analista disse?). A caixinha está se abrindo, e o que está guardado dentro de vc vem à tona em algum momento. E arrebenta as represas, rompe as barreiras…

Meu amor, muitos foram os que impediram vc de se abrir, desde os personagens da religião opressora. Sem esquecer sua convivência nos ambientes sociais e profissionais, reguladores e, principalmente, constrangedores. Combinados tacitamente para lhe manter prisioneira dos tabus referentes ao desejo. Também com a participação de mulheres submissas, das famílias, ou do meio social. Todos a serviço do suposto direito do macho possessivo. Vc teve a sorte de encontrar alguém, com o qual viveu pelo tempo de uma geração inteira. Ele amou vc, e lhe ajudou a encontrar outros caminhos para sua libertação. Se ele não conseguiu libertar seu sexo para o prazer, deu-lhe os meios para começar sua libertação. 
Agora, querida, nos encontramos, e enfrentamos juntos o peso dos sistemas simbólicos de dominação, dos quais somos vítimas involuntárias. Vc começa por libertar seu corpo… Você goza a liberdade do seu corpo, enquanto vai para além das sensações de satisfazer-se e satisfazer-me… Quanto ao sexo dos homem que possuíram seu corpo, o amor deveria ter ido além do entrelaçamento dos corpos. Seu gozo pode ir além, o prazer do sexo apenas reflete o que sua mente vai alcançando. Prazer com liberdade. É a sua libertação total que está em jogo, daqui por diante. Ninguém tem acesso a essa mulher que nasce em vc… a não ser sua vontade de abrir-se para alguém em quem confia. Há quem diga que os poetas e os místicos são capazes de conceber a essência da mulher. O corpo integral é a alma, o espírito, o físico, a psiquê, as utopias e distropias… Os poetas, “como os cegos, podem ver na escuridão”… E há escuridão maior do aquela onde encerraram o seu ser-mulher? Acho que você encontrou a luz para libertar aquela mulher… E nós vamos sair juntos por aí, guiados por essa luz… []
Lembre-me, quando quiser, de lhe contar a “história do casulo e a borboleta…” Depois nos falamos. Beijos bem carinhosos… Ah, a noite de ontem foi extremamente real para mim… Vc é uma delícia de mulher, especialmente quando descreve seu gozo. Vc é excitante… me derruba… me extasia… me eleva às alturas.
——
ANTES QUE O DIA AMANHEÇA
Ouve, meu amor. Que silêncio!…
Até os pássaros da noite se calaram
para ouvir os nossos gemidos, nossos ais e suspiros,
quando nos amamos.
Fecha os olhos. A noite não acabou.
Estamos tristes, depois da nossa noite de paixão.
Por fim, ouviremos uma melodia de Eric Satie,
depois da ternura, das carícias e dos gozos repetidos.
Ouviremos o piano como o autor sugeriu,
“dolorosamente” (douloureux),
“tristemente” (mélancoliquement),
ou “solenemente” (gravement), como deve ser o amor.
Os amantes precisam amar com intensidade,
embora entrecortados pela melancolia,
porque terão que separar-se depois da noite de paixão.
Reina um solene silêncio,
convite para contemplar o céu infinito na hora do adeus.
Porém, não há paz, se somos obrigados a dizer adeus.
Nosso amor é tão triste!
Mas, vem comigo, meu amor!
Vem olhar a madrugada, antes do sol nascer.
Uma luz suave nos guiará na noite que termina.
Não estaremos sozinhos,
caminhando no sereno da madrugada.
As estrelas e a lua no quarto minguante
iluminarão os nossos passos…
os nossos caminhos.
E nos abraçaremos para os últimos beijos,
os derradeiros carinhos,
e lembraremos juntos o poeta Vinícius:
“Vem raiando a madrugada, há música no ar”.
A noite termina, e o dia está nascendo.
Meu amor, vem comigo…
Paz do Meu Amor
Você é isso: Uma beleza imensa,
Toda recompensa de um amor sem fim.
Você é isso: Uma nuvem calma
No céu de minh’alma; é ternura em mim.
Você é isso: Estrela matutina,
Luz que descortina um mundo encantador.
Você é isso: É parto de ternura,
Lágrima que é pura, paz do meu amor.
(Luiz Vieira)
Quando estou nos braços teus
Sinto o mundo bocejar

Menino Passsarinho
Quando estas nos braços meus
sinto a vida descansar
no calor dos seus carinhos
Sou um Menino Passarinho
Com vontade de voar
(Luiz Vieira)

fim de agosto (2)[-]

VOCÊ…

Padrão
VOCÊ…

: “Você é assim, olha no espelho e se reconhece como quem sempre quis ser. Não se arrepende nem se envergonha de ter optado por sua liberdade e autonomia. Para tanto, lutando sozinha por sua independência. Não aceitando as imposições do fundamentalismo religioso, sob juízo de familiares e pessoas próximas. Sustentando seu direito de viver em solidão, na qual se isolava das pressões ao redor, garantindo sua escolha por viver sob valores diferentes dos que recebera na igreja e no círculo familiar.
: Não recusou experiências religiosas, espiritualidades diferentes sem medo — ao contrário –, interessando-se também pela espiritualidade oriental. Reprovada pela família por encerrar um casamento destrutivo, que lhe consumia, assumiu o divórcio necessário, mas reprovado pela família e pela igreja. Os quais procuravam obrigar você a cumprir obrigações supostamente bíblicas, quando uma mulher deveria viver submissa à servidão matrimonial sem rebelar-se. Em nome da religião, e não de Deus e do amor.
: Por fim, fez tudo para preservar sua integridade de mulher em busca da liberdade. Libertação a alto custo emocional, alcançada com segregação e crítica dentro da própria família. Você venceu, olha no espelho e vê a mulher que buscava e encontrou a si mesma. Sobreviveu lutando até os dias de hoje. Sem arrependimentos, segura a respeito das escolhas que fez, em todos os momentos nos quais lutava contra a opressão que lhe impunham. Você é a mulher que eu amo, e com a qual quero viver o resto dos meus dias.

SAUDADE DE UM MUNDO SEM MALES

Padrão
SAUDADE DE UM MUNDO SEM MALES

Saudade de um mundo sem demônios fascistas, babando ódio em tudo que dizem e fazem. Um mundo sem negacionistas, instruidores de atitudes odiosas e receitas que matam, antes que salvadoras; antes das vacinas que controlam as pandemias. Saudade da fé rebelde, insurgente, diante do protestantismo que não protesta mais, tornando-se “evangélico”, conservador, fascista, positivista, racionalista, doutrinário. Temos nostalgia do vento libertador do Espírito. Uma vontade indomável, um desejo fervoroso de que Deus sopre de novo, como um vendaval, revolvendo as superstições, o mito político do autoritarismo avassalador que tomou as massas. Mito doente, neurótico, obsceno, mentiroso, genocida, que serve identitariamente ao poder ideológico fascista, tomado como escudo religioso de gente enferma pelo ódio e raiva do semelhante. Temos saudade do reinado de Deus, da paz, da justiça e equidade, que abandonamos. É assim, amamos, mas não encontramos sozinhos aquilo que desejamos. Precisamos de comunhão para seguir um caminho que nos afaste do ódio, da raiva, do preconceito… porque esquecemos de como se constroem jardins, casas acolhedoras, brinquedos divertidos que estimulem a criatividade nas crianças, que deveriam sonhar com mundos novos. Sonhar com lagoas e lagos, onde vitórias-régias tecem sobre a água tapetes forrados de verde e flores brancas expostas ao sol.

Voltar aos templos silenciosos, onde se pode orar sem sons agressivos e música de falsa devoção, sem guitarras elétricas e estridentes, e tambores ruidosos que abafam o canto dos devotos que querem orar. Contemplar esculturas de personalidades memoráveis, quadros que contam histórias de amor e paixão. Precisamos voltar aos cemitérios com flores nas lápides, sem máscara contra a peste, lugar que volte a simbolizar o descanso dos justos, dos queridos, ao invés de monumentos do genocídio. Não sabemos mais, portanto precisamos reaprender, re-significar o uso das palavras que devem brotar do coração. Doces, suaves, geradoras de ternura e energia para a convivência feliz. Palavras que tenham sabor de frutos maduros, tempero de coisas boas que sonhamos para nossos queridos, amigos, filhos, netos. Que contenham uma infinita paixão pela cordialidade, solidariedade, amor, ternura pelo semelhante oprimido. Uma vontade de compartilhar tudo que há de bom.

Precisamos recuperar, ou fazer de novo aquilo que não esta colocado em nenhuma doutrina, sem imagens catequistas, nem é pregado em púlpito algum. É necessário refazer a fé, sem ideologias religiosas, e retornar às companhias veneráveis, às memórias, perfumes, cantigas; à solidão das florestas, retiros, cabanas nas montanhas. Fontes de águas cantantes, vida serena no alto da serra, caminhos nas colinas, trilhas no meio da mata. Andar pela praia, caminhar na areia, meditar para entendermos sobre os sonhos que nos trouxeram até aqui. E admirar rostos sóbrios, ter saudade, venerar os mortos queridos, considerar e respeitar os que buscam justiça num mundo sem compaixão, falando sobre equidade no direito e no uso dos bens da terra. Ter certeza da lealdade dos que nos acompanham na caminhada pela liberdade. Acompanhar a fé dos que representam a presença da justiça, da equidade, da paz, da compaixão e da misericórdia. Temos saudade do mundo sem males, sim… Temos saudade do futuro proposto nas grandes utopias, em todos os tempos. Aquela saudade que vem nos últimos raios do sol da tarde, no crepúsculo, na brisa suave do entardecer perfumado de flores da noite, dracenas que se abrem para inundar a noite que vem chegando.

O QUE SEI DO MEU CORPO

Padrão
O QUE SEI DO MEU CORPO

Penso que vou compor um poema, ou uma sinfonia. / Ouço Mahler e me inspiro./ Um pouco mais surgirão revelações e imagens, / possibilidades que se escondem no íntimo, adormecidas no meu corpo. / É preciso acordar o espírito, / e fazê-lo expor versos e trovas que devem compor o buquê de flores multicoloridas / antes ocultas em botões que ainda aguardavam desabrochar.

Nosso Corpo Nossa Alma

Padrão


Nosso corpo, nossa alma, nosso espírito, são ameaçados a todo momento, porque nos deparamos com o que desumaniza, e destrói os mesmos. Adoecidos, neuróticos, nos esquecemos daquilo que nos pertence e está dentro de nós. O mundo profundo do eu, aquela dimensão profunda da espiritualidade, que nos permite ver e sentir o Todo; que nos concede perceber que somos parte de uma Grandeza imensa por trás de todas as coisas. A presença de Deus alimenta o amor, a compaixão, a equidade, a solidariedade. Empatia que nos faz sentir a verdade do que já foi dito biblicamente: “Deus está em tudo e em todos”. Sentimos essa Presença, Deus, que nos impele a alcançar o amor sob uma determinação imperiosa. Equidade, compaixão, cuidado, ternura, tolerância na convivência com o outro, ou a outra, traduzem essa Presença. Deus nos faz sentir a humanidade que está nos outros. Juntos, compreendemos que fomos corrompidos, pervertidos, nos tornamos odientos e odiosos, desviados da obra de Deus. Podemos mudar…
Podemos retornar ao convívio com a humanidade resgatada pelo amor de Deus, para que possamos nos dizer como parte da obra original daquele que nos criou. No eu profundo, no abscôndito da alma, está o sentido da vida, a qual abandonamos para dar vazão às torrentes de ódio ideológico, ódio criminoso, ódio pelo semelhante, corrompendo a vida plena.
O sentido da vida na força do Espírito nos coloca diante das grandezas do amor de Deus pela Justiça, pela Equidade, pela Paz entre os homens. Diante disso, adjetivamos esse amor, compartilhado com o Espírito de Deus, que é feito de ternura, de respeito, de dignidade humana. Como criaturas desse Amor, podemos ultrapassar os limites marcados pelo ódio, gerando mundos novos de compaixão, engravidando o futuro com utopias, sonhos de liberdade convivendo sob o domínios dos direitos fundamentais da vida. Nossos corpos se recusarão a compactuar com os que forjam necessidades de poder, de supremacia, enquanto negam equidade para os demais, no gozo e compartilhamento dos bens da terra.

pexels-photo-2093070.jpeg

O QUE SEI DO MEU CORPO

Padrão
O QUE SEI DO MEU CORPO

Penso que vou compor um poema, ou uma sinfonia. Ouço Mahler e me inspiro. Um pouco mais surgirão revelações e imagens, possibilidades que se escondem no íntimo, adormecidas no meu corpo. É preciso acordar o espírito, e fazê-lo expor versos e trovas que devem compor o buquê de flores multicoloridas antes ocultas em botões que ainda aguardavam desabrochar.É por isso que sei do meu corpo, que ele é o centro do universo inteiro. Nada pode ser mais universal que um corpo. Ele pode caminhar num jardim, ouvir crianças no parque, abaixando-se e elevando-se nas gangorras, nos balanços. Ouvir o alarido dos pássaros, o trinado dos beija-flores que só se ouvem no silêncio. O ronronar do gato preguiçoso roçando nas almofadas, a luz que chega de repente na inspiração de uma antiga canção de ninar.

Assim se constrói um tapete de sons representados em fusas, semifusas, colcheias, semicolcheias, compassos, variando, alternando, convertendo, ordenando, simplificando ou tornando complexo um tema brotado do nada, no espírito que habita nosscorpo. Sons representados em fusas, semifusas, colcheias, semicolcheias, compassos, variando, alternando, convertendo, ordenando, simplificando ou tornando complexo um tema brotado do nada, no espírito que habita nosso corpo.O corpo não só é o centro, mas é também capaz de atrair e acolher outros corpos, do mesmo modo que um ponto de fuga se expande e se converte numa imagem, aos olhos do pintor, estendendo-se no tempo e no espaço em busca de corpos nunca vistos. Sejam quais forem as cores da pele, ampliando os caminhos que vai percorrer até o infinito.Meu corpo busca os lugares que nunca visitei, os corpos que nunca foram abraçados, montanhas, nuvens, flores, árvores, rios, mares, oceanos. Meu corpo testemunha meu desejo e vontade de acariciar, de abençoar, de exaltar a beleza e a eternidade do amor, afirmando a magia que emana da compaixão, ultrapassando todos os limites, enquanto gera mundos novos, e pode engravidar o futuro através de esperanças e utopias libertadoras para aqueles que vivem pressionados pelo ódio, medo, pavor, e consolar os aflitos.

O QUE SEI DO MEU CORPO

Meu corpo pode engravidar o futuro

Padrão
Meu corpo pode engravidar o futuro

MEU CORPO

Meu corpo busca os lugares que nunca visitei, / os corpos que nunca foram abraçados, / montanhas, nuvens, flores, árvores, rios, mares, oceanos. / Meu corpo testemunha meu desejo e vontade de acariciar, / de abençoar, de exaltar a beleza e a eternidade do amor, / afirmando a magia que emana da compaixão, / ultrapassando todos os limites, enquanto gera mundos novos, / e pode engravidar o futuro através de esperanças e utopias libertadoras / para aqueles que vivem pressionados pelo ódio, medo, pavor, / e consolar os aflitos.