O QUE SEI DO MEU CORPO

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O QUE SEI DO MEU CORPO

Penso que vou compor um poema, ou uma sinfonia. Ouço Mahler e me inspiro. Um pouco mais surgirão revelações e imagens, possibilidades que se escondem no íntimo, adormecidas no meu corpo. É preciso acordar o espírito, e fazê-lo expor versos e trovas que devem compor o buquê de flores multicoloridas antes ocultas em botões que ainda aguardavam desabrochar.É por isso que sei do meu corpo, que ele é o centro do universo inteiro. Nada pode ser mais universal que um corpo. Ele pode caminhar num jardim, ouvir crianças no parque, abaixando-se e elevando-se nas gangorras, nos balanços. Ouvir o alarido dos pássaros, o trinado dos beija-flores que só se ouvem no silêncio. O ronronar do gato preguiçoso roçando nas almofadas, a luz que chega de repente na inspiração de uma antiga canção de ninar.

Assim se constrói um tapete de sons representados em fusas, semifusas, colcheias, semicolcheias, compassos, variando, alternando, convertendo, ordenando, simplificando ou tornando complexo um tema brotado do nada, no espírito que habita nosscorpo. Sons representados em fusas, semifusas, colcheias, semicolcheias, compassos, variando, alternando, convertendo, ordenando, simplificando ou tornando complexo um tema brotado do nada, no espírito que habita nosso corpo.O corpo não só é o centro, mas é também capaz de atrair e acolher outros corpos, do mesmo modo que um ponto de fuga se expande e se converte numa imagem, aos olhos do pintor, estendendo-se no tempo e no espaço em busca de corpos nunca vistos. Sejam quais forem as cores da pele, ampliando os caminhos que vai percorrer até o infinito.Meu corpo busca os lugares que nunca visitei, os corpos que nunca foram abraçados, montanhas, nuvens, flores, árvores, rios, mares, oceanos. Meu corpo testemunha meu desejo e vontade de acariciar, de abençoar, de exaltar a beleza e a eternidade do amor, afirmando a magia que emana da compaixão, ultrapassando todos os limites, enquanto gera mundos novos, e pode engravidar o futuro através de esperanças e utopias libertadoras para aqueles que vivem pressionados pelo ódio, medo, pavor, e consolar os aflitos.

O QUE SEI DO MEU CORPO

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