NAS ASAS DE UMA CANÇÃO

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NAS ASAS DE UMA CANÇÃO

Sem ambiguidades, sentimentos diferentes, ao ouvirmos uma canção que nos tem acompanhado a vida toda, é inegável que ecos de transcendências se escondem nos sons. Trata-se de uma impressão inexplicável, ingresso num mundo novo, além desta vida. Algo como o alívio de alguma aflição, ou da opressão cotidiana. Alguma coisa maravilhosa, celestial, alcançada no canto do poema, nos acordes, nos naipes instrumentais de cordas, sopro, percussão, colorindo a melodia. Olhos veem cores, mas como negar o colorido do poema e dos sons que chegam à nossa alma? Um universo de cores infindáveis invade nossos sentidos, como se fôramos elevados a um espaço amplo, espantoso. Acima dos sentidos, porém capaz submergir-nos na profundidade do mundo desconhecido além da vida terrena. “Não sei o que se passava no meu espírito, nem entendo a melancolia da hora. Permaneço imóvel, deixando-me penetrar suavemente pelos sons de uma canção.

Parece que a música percorre minha alma, um conjunto inexprimível de sensações, uma serenidade celestial. Uma leve tristeza motivada pela saudade de coisas e acontecimentos que não sei mais identificar. Alguma coisa que adormece e ao mesmo tempo desperta, esta ocorrendo”. Gaston Bachelard comentava um escrito de Victor Hugo: “Assim é todo um universo que contribui para a nossa felicidade, quando o devaneio provocado pela música vem acentuar o repouso necessário à alma aflita”. Penso eu que o devaneio poético é um sonho cósmico, uma abertura para o mundo da beleza. E, como dizia Rubem Alves, “fora da beleza não há salvação”.

Nas asas de uma canção, como disse o compositor da Mangueira Nelson Sargento, entre luzes de Cartola, Paulo César Pinheiro, grandes na poesia das canções, se encontra inspiração para outras canções. Poemas de amor profundo, na reunião de notas musicais capazes de preencher nossa alma de êxtase. Especialmente a minha, no ocaso da vida. Canções que aliviam almas cansadas, retirando-as do abismo das desilusões e amores perdidos, durante a jornada de uma vida.

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