DESPEDIDAS E CHEGADAS

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DESPEDIDAS E CHEGADAS


Estávamos na praia, brisa de verão. tínhamos nos despedido do nosso amigo, que partia na sua última viagem. Que falta fazia neste momento um lenço branco… Adeus! Olhos enevoados, lembranças inesquecíveis, saudade que povoará os sonhos. Os braços se estendem para os acenos de despedida. Observávamos o veleiro afastar-se do porto, ganhando o mar alto, mar adentro, mastros bem altos, velas enfunadas, sopradas pelo vento. Naquele dia, o veleiro afastava-se da costa navegando com suavidade, impelido pelo vento forte num dia de sol e nuvens brancas no céu. Um espetáculo de extraordinária e rara beleza. O barco, impulsionado pela força dos ventos, ganhando o mar tão azul quanto o céu no horizonte. Cada vez menor aos nosso olhos. As velas, as bandeiras no alto dos mastros, ainda visíveis, apesar da imagem pequena do veleiro.

Um pouco mais e só podemos ver, na distância, um pequeno ponto branco na linha do horizonte, onde o mar e o céu se encontram. Quando parece que o céu despeja seu azul nas águas distantes do oceano. O barco some aos poucos, no horizonte. — “Foi embora!”, alguém exclamará. Outro perguntará: “Sumiu no mar? Foi embora de vez? Evaporou no nevoeiro?” Não… não… não, sabemos. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho, e leva o nosso querido amigo. Tinha o mesmo tamanho, a mesma capacidade de navegar em mar alto de antes, quando estava no cais, perto de nós. Levará nosso amigo querido ao outro porto de destino. Última viagem, aqueles que amamos foram para o outro lado da vida. O veleiro não desapareceu, nem nosso amigo. Apenas não os vemos do lugar onde estamos. Da praia ou do cais.

Logo, na distância que não alcançamos, eles serão vistos pelos que estão do lado de lá, para receber aqueles de quem nos despedimos do lado de cá do oceano. Outras vozes e outras mãos acenam os lenços brancos da chegada. — “Lá vem eles!”. No lado de lá, o porto da recepção. São os dois lados da mesma viagem. Partidas e chegadas, despedidas e encontros. O mesmo barco, o mesmo embarque e desembarque. Quem ficou espera as notícias daquele que chegou da viagem da qual não vai voltar. Não devem. Ele foi para ficar e esperar os que vêm na próxima viagem. São os dois lados da mesma viagem. Tem gente que vai pra nunca mais voltar, tem gente a sorrir e a chorar na hora da partida. Na despedida e na chegada há lenços brancos acenando. O barco que chega do outro lado é o mesmo da partida. — “Vem, me dê um abraço bem apertado”!, na chegada, dizem os que trazem nas mãos os lenços brancos. É a última viagem, e também a última chegada… o último cais, a última jornada.

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