SOBRE ANIVERSÁRIOS E A FINITUDES…

Padrão
SOBRE ANIVERSÁRIOS E A FINITUDES…
SOBRE ANIVERSÁRIOS E A FINITUDES…
Martin Heidegger pensava que o fato mais natural da vida dos mortais é a morte. Esse extraordinário pensador compreendia que a finitude do ser humano se torna absoluta e essencial quando alguém encara sua condição finita: “cada vida humana caminha irremediavelmente para a morte”. Atenção, pois Heidegger acentua e exacerba a importância da vida humana, do corpo, da carne, enquanto a existência humana é representada pelo “ser-em-si”, reconhecendo-se em sua humanidade e existência com os demais, antes da morte.
A morte, não obstante, não vem de fora. A morte é a suprema possibilidade de plenitude. Por isso eu posso dizer:– “Quando eu morrer, levarei minha morte comigo”. Suas ponderações são, seguramente, pouco diferentes daquelas desenvolvidas por Max Scheler, filósofo preferido de Paul Tillich, que muito o divulgou como esteio para as filosofias existencialistas cristãs.
Uma águia real pode viver setenta anos, se aos quarenta assumir o que deve ser feito. O bico enfraqueceu com a idade e se curvou, impedindo que a águia continue sua caça normalmente. As unhas estão gastas e enfraquecidas, a penas estão murchas, o corpo pesado desliza com dificuldade nas correntes de ar. A águia, então, toma a decisão necessária, sobe ao ninho na alta montanha para reorganizar suas forças e potenciais. O processo se completará em cinco meses. A águia começa por bater insistentemente o bico na pedra até arrancá-lo completamente. Depois, aguarda nascer o novo bico. Após semanas, com o bico renovado, arranca as unhas gastas, uma de cada vez. Em seguida, retira uma a uma as velhas penas e aguarda o renovo das duas. A partir daí viverá mais trinta anos. É o bastante…
Não espero tanto, já agradeço muito aos Céus pelo que alcancei, nos meus 80 anos de vida. Daqui para diante tudo é lucro. Obrigado, amigos, por terem-se lembrado de mim.
Derval Dasilio
Obs: Atualizando a nota publicada quando completei 75 anos de idade.
———-
Dormem no meu jardim as açucenas brancas /
Os nardos e as rosas /
Dormem no meu jardim as açucenas brancas, /
Os nardos e as rosas /
Minha alma mui triste e pesarosa /
Quer esconder das flores sua amarga dor. /
Não quero que as flores saibam das tormentas que a vida me dá /
Se soubessem como estou sofrendo / Chorariam também pelo meu sofrimento. /
Silêncio, que estão dormindo os nardos e as açucenas/
Não quero que saibam do meu sofrimento /
Porque se me virem chorando /
Morrerão…
[Extraído do filme cubano “Candelária”].

Deixe um comentário